29 de março de 2010

Generalistas e a criatividade



Se especializar numa área qualquer é uma maneira de adquirir mais conhecimento sobre determinados assuntos para conseguir fazer um trabalho melhor na área escolhida. Isso faz todo sentido, por exemplo, se eu quero ser um ilustrador bem sucedido eu vou estudar técnicas de desenho, pintura, anatomia, perspectiva, luz/sombra, entre outros assuntos que ajudarão a aprimorar minhas habilidades.

Quem já viu o discurso de Steve Jobs para os alunos da universidade de Stanford lembra muito bem da história sobre conectar os pontos. Como as suas experiências do passado se juntaram ao que ele estava fazendo para gerar novas idéias.

Uma técnica simples para fazer algo criativamente é unir coisas. Você pode conseguir uma nova idéia unindo de forma original idéias antigas com o que você está fazendo agora. Por exemplo, Jobs teve aulas de caligrafia na faculdade, na época ele não sabia onde poderia usar aquilo, mas quando estavam criando as fontes para o Mac ele lembrou das aulas e ajudou a desenvolver a tipografia dos computadores da Apple. Ele associou elementos, ele ligou pontos.

Acabamos de ver a importância de ter conhecimentos diversos, quantos engenheiros e cientista assistem aula de caligrafia na faculdade? Eu mesmo nunca assisti. Generalistas conhecem mais coisas, mesmo que não se aprofundem, que podem torná-los mais criativos. Generalistas possuem mais pontos para conectar.

O que acontece com muitos estudantes e profissionais é que eles se inserem num mundo de conhecimento e cada vez mais apenas se especializam nele. Na escola você estudava história, matemática, português, biologia, etc. Na faculdade você limita seu conhecimento apenas a uma grande área, exatas, humanas ou saúde. Com o passar do tempo cada vez mais você afunila seu campo de atuação.

Isso não é ruim, mas tem um lado que não é bom. O grande problema é afunilar seu campo de atuação e viver apenas nele. É possível trabalhar em algo muito específico e conhecer diversas outras coisas. Até hoje eu agradeço ao meu primeiro orientador por ter me mostrado a importância de ser generalista e os males da especialização em excesso, principalmente para estudantes que ainda não sabem bem o que querem.

Façam coisas diferentes, além do seu trabalho ou estudo. Leia livros não-técnicos, vá a um show, converse com pessoas e ande por lugares diferentes. Afinal, todos nós precisamos de pontos.

24 de março de 2010

Organizando o seu tempo


Ontem me fizeram a seguinte pergunta: Como você organiza seu tempo? Eu não sou nenhum guru de produtividade ou coisa parecida, mas acredito que minha resposta possa ajudar algumas pessoas.

Quando você procura algo relacionado a produtividade e organização de tempo na Internet você acaba se deparando com técnicas como GTD ou Pomodoro. Eu já li a respeito delas e de outras técnicas também. Existem várias pessoas que as utilizam com sucesso, mas muitas vezes quando eu estava lendo sobre técnicas de melhoria de produtividade eu achava elas complicadas demais. Isso soa completamente errado para mim, afinal queremos fazer mais coisas com mais qualidade e não passar o tempo todo pensando em como nos organizar para fazê-las.

Um dos melhores sistemas de organização que eu conheci foi o Zen To Done proposto pelo Leo Babauta do Zen Habits. Mesmo assim eu não uso sigo ele a risca. O que eu fiz foi pegar algumas características principais e adaptá-las para que funcionassem para mim.

Três pontos são importantes quando se quer aumentar a produtividade: anotar, escolher e fazer.

Anotar o que precisa ser feito é uma ótima técnica para não esquecer o que você precisa fazer e para diminuir seu stress, pois não é necessário ficar relembrando sempre suas tarefas, já que elas estão anotadas em algum lugar. Portanto, escolha um meio de anotação, pode ser desde o velho lápis e papel até um software no seu smartphone de última geração, e anote.

Nem tudo o que pedem para você fazer ou que você quer fazer é realmente importante. É fundamental saber escolher o que fazer. Não adianta passar o dia lendo e-mails, tweets e feeds, se isso não acrescentar nada na sua vida. Para escolher o que fazer analise as tarefas e faça as que ajudarão você a conseguir alcançar os objetivos que deseja. Evite ficar protelando, por mais que algumas tarefas possam ser complicadas são elas que trarão o maior retorno. Outro técnica relacionada com a escolha das tarefas é começar o dia fazendo a tarefa importante mais difícil, todas as outras tarefas menores podem ser realizadas depois dela em pouco tempo. O sentimento de produtividade é grande após terminar uma tarefa grande e complicada.

O último ponto, e o mais importante, é fazer. É ele que gera o resultado final que você tanto espera. A palavra-chave na hora de fazer algo é foco. Se você quiser fazer algo com mais qualidade e em menos tempo você precisa de foco. Tenha perto de você apenas o necessário para realizar sua tarefa e evite o máximo possível as distrações. E-mail, Twitter, IM, telefone, conversas, etc, deixe eles para outra hora, diga que está ocupado, você pode fazer tudo isso depois.

Não precisa complicar para melhorar sua produtividade. Você não precisa usar uma técnica famosa para ser produtivo, as pessoas tem necessidades diferentes e encontrar um método que sirva para todas é impossível. Talvez você leia o que eu escrevi e ache uma loucura algo assim funcionar ou talvez isso faça o maior sentido. Escolha o que melhor se adapte a você e fique livre para mudar uma técnica se isso fizer você ter melhores resultados.

22 de março de 2010

Alinhando uma coluna à direita numa QTreeView

Essa semana eu quebrei muito a cabeça com o componente QTreeView do QT4, foram vários problemas, ainda bem que consegui solucionar todos. Um desses problemas eu vou detalhar nesse post e também mostrarei a sua solução.

Eu queria uma TreeView com duas colunas, simples, sem hierarquias. Mas eu necessitava que a 2ª coluna tivesse um tamanho fixo e a 1ª coluna preenchesse todo o espaço restante da TreeView. O problema é que a QTreeView possui exatamente o comportamento contrário, nela as primeiras colunas possuem tamanhos fixos e a última preenche todo o espaço restante. É possível fazer com que todas as colunas tenham tamanhos fixos, mas não existe nenhuma maneira simples de definir qual coluna eu quero que preencha todo o espaço vazio. O que fazer?

Como meu widget era uma classe que herdava de QTreeView eu resolvi meu problema redefinindo o método resizeEvent. Esse método é chamado toda vez que o widget é redimensionado. O que eu precisava fazer era apenas redimensionar as minhas colunas sempre que o widget todo fosse redimensionado. A 2ª coluna ficaria com um tamanho fixo e a 1ª coluna ficaria com o restante do tamanho da TreeView menos o tamanho da 2ª coluna.

O método ficou assim:

def resizeEvent(self, event):
last_column_size = 25
self.setColumnWidth(0, self.width() - last_column_size)
self.setColumnWidth(1, last_column_size)

Simples, fácil e funcionou muito bem.

Se alguém souber outra maneira, principalmente se for mais fácil, sinta-se a vontade para comentar.

18 de março de 2010

Google vs Facebook

Semana passada, pela segunda vez, o Facebook ultrapassou o Google em número de acessos nos EUA segundo a consultoria Hitwise. Esse foi mais uma amostra da grande popularidade da maior rede social do planeta.


As redes sociais usam um filtro tão bom quanto poderosos algoritmos de busca. Sabe que filtro é esse? Os seus contatos, o que eles postam tem grande relevância para quem os acompanha. As pessoas estão usando cada vez mais as redes sociais como fonte de informações.

Isso tudo é um problema para o Google. A gigante das buscas vai perdendo território para um serviço de uma área que ela até hoje não conseguiu deslanchar, as redes sociais. O Orkut é muito popular no Brasil, mas no resto do mundo ele é praticamente irrelevante. E o Buzz? Por enquanto para mim ele apenas repete o conteúdo de outras redes sociais que eu continuo acompanhando normalmente.

A briga entre as duas empresas esquentou com os boatos do Projeto Titan, o Gmail Killer do Facebook. O Titan seria a reformulação do sistema de mensagens do Facebook que incluiria os recursos de um cliente de e-mail, inclusive seria possível enviar mensagens para seu_usuario@facebook.com. Com uma base de mais de 400 milhões de usuários, o Facebook entraria como um concorrente fortíssimo do Gmail.

Será que teremos algum contra-ataque do Google caso o Titan seja realmente lançado? O Buzz parecia ser esse contra-ataque, mas até agora ele não agradou muito. É possível também que o Google apresente melhorias no Gmail em breve, a equipe do Google revelou na SXSW que eles estão trabalhando em otimizações para o aumento da velocidade, na integração do GMail com contas do Google Apps e também na melhoria do gerenciamento de contatos.

8 de março de 2010

Por que uma pós-graduação?

Várias pessoas após terminarem a graduação optam por continuar na academia estudando os mais variados tipos de assuntos para resolver os mais variados tipos de problemas. Na minha opinião existem dois motivos para fazer esse tipo de escolha.

O primeiro é a inércia, você já está dentro de uma instituição e após concluir o curso sente que é natural seguir lá. Provavelmente você ganhará mais dinheiro, pois agora você é uma pesquisador graduado, deixando você mais confortável. Esse motivo é péssimo, se acomodar e fazer algo sem nem saber se era aquilo mesmo que você queria fazer. Pessoas acomodadas tendem a fazer um trabalho muito ruim.

O segundo motivo é mais óbvio, as pessoas escolhem fazer uma pós-graduação pois realmente desejam fazer pesquisas científicas, aprender mais e resolver problemas. Esse motivo é muito melhor, fazer algo querendo fazer não tem comparação. Sabe quando você trabalha horas e não nota o tempo passar? Você estava fazendo o que gosta.

Muitas vezes eu achei que fazer um mestrado seria uma escolha apenas por inércia, puro comodismo, mas hoje eu tenho certeza que minha escolha foi feita exatamente pelo 2º motivo. Eu queria, e ainda quero, estudar o que eu estudo e desenvolver soluções para os problemas que eu conheço dentro da minha área.

O que eu estudo?

Eu poderia responder essa pergunta com várias linhas. Eu poderia dizer que estudo engenharia de software com um foco em desenvolvimento distribuído de software. Poderia dizer que eu estudo a interação dos desenvolvedores num projeto de software através de meios de comunicação que proporcionam eles trabalharem em lugares totalmente distintos. Entretanto eu resolvi responder isso de uma forma mais simples. Olhando lá de cima, num altíssimo nível eu posso dizer que eu estudo colaboração.

Colaboração tem a ver com unir pessoas para realizar um trabalho muito melhor do que elas fariam separadamente. Não importam as barreiras existentes entre essas pessoas, o objetivo é quebrá-las e fazer com que elas não importem ou que pelos menos não afetem tanto o processo de colaboração.

Isso tem futuro? Eu realmente acredito que sim, se não o que eu estaria fazendo se nem eu acreditasse no meu trabalho? Isso não é uma questão de fé, existem razões concretas para que a colaboração seja um assunto quente a ser estudado. O ponto chave é a Internet. A Internet liga pessoas, não importa onde elas estejam, e trabalhar em grupo é algo feito pelos seres humanos desde os primórdios. Agora que as barreiras começaram a cair temos mais chances de unir as pessoas, mais oportunidades de formar equipes antes inimagináveis e mais problemas para gerenciar todo mundo. As possibilidades são incríveis.

Estudar colaboração? Sim, isso me parece uma boa idéia.

3 de março de 2010

Regra dos terços

"Centraliza bem pra foto ficar bonita." Quem nunca ouviu isso ou alguma frase parecida quando alguém estava tirando uma foto? A maioria das pessoas costuma pensar que essa é a melhor maneira de se obter uma boa foto, mas o senso comum erra. Na fotografia existe uma técnica chamada regra dos terços, que ajuda o fotógrafo a posicionar os elementos mais importantes de uma foto num lugar de destaque para quem estiver vendo a foto. Não, essa regra não tem nada a ver com centralização, muito pelo contrário.

Qual é a foto mais bonita, (a) ou (b)?

(a)

(b)


Grande parte das pessoas responde letra (b).

As áreas de interesse não têm nada a ver com o centro, elas estão fora dele. Para descobrir os pontos de destaque divida a imagem em 9 quadrantes iguais desenhando linhas como no jogo-da-velha. As intersecções das linhas formam quatro pontos, que também são os vértices do quadrado central, as regiões próximas a esses pontos são as áreas mais interessantes para colocar elementos importantes da sua fotografia. Veja as imagens para entender melhor.


Grid da regra dos terços


Imagem com e sem o grid


Você pode estar estranhando o assunto desse post, eu nunca falei de fotografia por aqui e para falar a verdade eu não sei se levo muito jeito para tirar fotos. Toda essa introdução a regra dos terços foi feita para mostrar uma outra aplicação sua, a criação de slides para uma apresentação.

As regras são as mesmas e você pode levar tudo que eu disse sobre fotografia diretamente para o seu aplicativo de criação de slides. Quer destacar alguma coisa? Lembre-se da regra dos terços. Assim como as fotos ficam visualmente mais agradáveis, os seus slides também ficarão.

No Powerpoint, o aplicativo que eu costumo usar para fazer os meus slides, existe uma forma de configurar os grids para que eles funcionem como as linhas da regra dos terços. Veja esse tutorial de como criar o grid da regra dos terços no Powerpoint.

Para finalizar, um slide de uma apresentação minha que será realizada na III Semana da Computação na UFPB, para mostrar a utilização da regra dos terços.




As fotos usadas nesse post foram tiradas dos sites: