23 de janeiro de 2010

Memória global: acessando a memória da grande rede

Esse post é uma continuação da série Memória Global sobre a Internet e a infinidade de informações produzidas por nós na grande rede. Veja o primeiro post da série: Somos produtores de conteúdo.

Nas nossas vidas nós organizamos o que temos de alguma maneira que seja possível encontrar depois. Mesmo que implicitamente usamos uma certa lógica para guardar nossos pertences. Por exemplo, colocamos nossas roupas num guarda-roupa, nossos livros em estantes e temos um lugar especifico para os nossos DVDs.

Mesmo sendo uma pessoa organizada e tendo lugares para colocar tudo, você ainda passa por situações em que esquece onde colocou, por exemplo, suas chaves ou o controle remoto da televisão. Temos coisas demais para nos preocupar, é difícil manter tudo perfeitamente no seu lugar para que seja fácil de encontrar depois.

Se já sentimos dificuldade em organizar o que possuímos imagine organizar as informações da Internet? Como vamos encontrar o que queremos? Ela é tão maior e tem infinitamente mais coisas do que qualquer casa que imaginemos.

Os mecanismos de busca surgiram para atacar esse problema, as pessoas precisam de um meio para encontrar o que querem nas bilhões de páginas na Internet. Os sites de busca mais famosos hoje indexam não só páginas web, eles também procuram textos dentro de documentos, procuram imagens, mapas, vídeos, mensagens na realtime web, etc. Mas todas as buscas são baseadas em texto. O usuário escreve palavras-chave e recebe como retorno vários tipos de informações. Essa é a busca que ainda reina na Internet, mas ela já é questionada por ser uma interação limitada com o conteúdo existente na rede. Hoje temos muitos tipos de informações, não só textos, e também temos dispositivos capazes de capturar outros tipos de informação que poderiam ser usados para realizar uma busca, como imagens e som. Falarei mais sobre isso num próximo post.

Duas grandes melhorias que podiam ser acrescentadas nos mecanismos de busca são extrair sentido do que é buscado e inferir relações entre os resultados da busca.

Extrair sentido dos termos buscados tem a ver com a semântica da busca, por exemplo, entender a seguinte busca "onde encontrar um rodízio de sushi pelo menor preço na cidade de João Pessoa" e retornar um mapa marcando o local do restaurante. Talvez você consiga achar a informação que deseja procurando essas palavras-chave, mas essa pesquisa não é tão inteligente como poderia ser.

As relações entre os resultados de busca nos ajudaria a encontrar informações nos variados meios de publicação que temos. Podemos escrever mensagens no Twitter, atualizar nosso status no Facebook, criar um post num blog, adicionar fotos no Flickr, etc. São muitos meios de publicação. Os mecanismos de buscas podiam inferir relações automáticas entre eles e ajudar os usuários a encontrarem uma maior variedade de informações nas suas buscas.

Já temos algumas soluções que criam relações de uma forma limitada, mas que já ajudam bastante. O Google as vezes apresenta nos resultados de uma busca, além de links, vídeos, imagens e mapas. Todos dados dos seus próprios serviços. Outro exemplo de relação entre meios de publicação diferentes, dessa vez de serviços de empresas diferentes, você pode ver no próprio blog. Quando alguém envia um tweet com o link de algum post meu o contador de tweets no canto superior direito aumenta. Este exemplo já tem um escopo bem mais limitado, não é qualquer tipo de informação que está sendo relacionado. Podemos considerar ele como uma aplicação voltada a mídia social.

Limitar o nicho de aplicação da integração parece algo mais viável atualmente, criar uma solução que liga todas as informações de forma universal ainda é utópico. Isso também lembra minhas pesquisas atuais sobre ligar as informações extraídas nos mais variados artefatos de um projeto de software (bugs, código fonte, documentos, wikis, etc). Mais uma vez relações num escopo menor.

Um passo importante que damos em relação a integração de informações são as APIs abertas que vários serviços disponibilizam. Não é uma forma padronizada, mas é a forma que funciona hoje em dia. O Twitter é um grande exemplo do poder de uma API. Quantas aplicações utilizando o Twitter existem? Muitas. Tudo fica mais interessante quando unimos vários serviços através de suas APIs para criar soluções totalmente diferentes e inovadoras. Já é possível fazer isso, e no futuro provavelmente conseguiremos integrar ainda mais serviços e consequentemente suas informações.

Os desafios são grandes, mas as soluções já começam a surgir. O ponto mais importante de tudo isso é fornecer para as pessoas a melhor maneira possível de recuperar as informações que elas procuram. É aí que poderemos perceber todo o poder da memória coletiva global. Se alguém já produziu conteúdo relacionado a alguma coisa, essa coisa poderá ser encontrada por outra pessoa através de variados tipos de interação que sejam mais convenientes e pertinentes para quem procura. Nós alimentamos a rede com nosso conteúdo a cada dia criando o maior banco de dados de conhecimento jamais imaginado e estamos trabalhando para cada vez mais conseguir acessar todo esse conhecimento criado.

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