O TED talk do Sugata Mitra "The child-driven education" me chamou bastante atenção. O cientista conta sua experiência na realização de uma série de experimentos com crianças nos quais ele deixava elas aprenderem sozinhas usando um computador conectado à Internet. Os resultados são incríveis.
Isso tudo mostra ainda mais a capacidade da rede mundial de computadores e do conhecimento inserido nela por milhões de usuários. É estúpido limitar o acesso à Internet para os estudantes e achar que ainda hoje se deve aprender apenas sentando numa cadeira, olhando para um professor e fazendo provas.
É preciso ensinar a pescar o conhecimento ou talvez nem isso, a própria Internet ensina tudo, basta tempo e interesse.
Assistam o vídeo abaixo da apresentação do Sugata Mitra.
30 de novembro de 2010
22 de novembro de 2010
Construindo a Biblioteca de Babel
A Biblioteca de Babel é um conto do escritor argentino Jorge Luis Borges. Nele Borges descreve uma biblioteca que possui livros com todas as combinações possíveis de letras, espaços e sinais do pontuação. Obviamente na biblioteca existe uma imensa quantidade de livros sem sentido, mas ela também possui todos os livros já escritos em qualquer que seja a língua e todos os livros que ainda serão escritos!
Imaginar o tamanho físico dessa biblioteca foge a capacidade da minha imaginação, no máximo posso dizer que seria algo infinitamente grande. O trabalho de procurar um livro revolucionário nesse espaço todo valeria a pena? Quantos homens não morreriam tentando encontrar apenas um livro que fizesse sentido na Biblioteca de Babel?
Se você não pode achar não adianta, ou numa versão atual, se não está no Google não existe. O conteúdo da Biblioteca de Babel é descomunal, assim como o conteúdo da Internet.
Qualquer pessoa pode escrever um blog e publicar seus textos? Quanta besteira não vai surgir. Algumas pessoas reclamavam disso tempos atrás, talvez reclamem até hoje. Mas da mesma forma que a biblioteca de Borges tinha muito lixo e os livros mais brilhantes, a Internet também tem muita coisa que pode ser jogada fora e materiais tão brilhantes que não existiriam se as pessoas não tivessem a capacidade produtiva que a tecnologia atual permite.
Então parem de reclamar do ruído.
Diferente da Biblioteca de Babel o conteúdo da Internet é digital e manipulável. Com isso nós conseguimos extrair ordem a partir do caos. Agradecimentos especiais ao Google e redes sociais.
Imaginem se a Biblioteca de Babel fosse indexada e filtrada. Não teríamos palavras para descrever os resultados disso. Então vamos continuar fornecendo cada vez mais meios de publicação para as pessoas, não é ruim que elas estejam gerando conteúdo na Internet a todo momento, estamos construindo nossa pequena Biblioteca de Babel. Mas também vamos trabalhar para não acabarmos na inutilidade da biblioteca fictícia de Borges, afinal, ninguém quer morrer antes de concluir uma pesquisa na Internet, muito pelo contrário, nós queremos cada vez mais resultados relevantes e relacionados de uma maneira fácil e em pouco tempo.
17 de novembro de 2010
Produtividade para quê?
Existe uma busca constante por uma maior produtividade pelos trabalhadores, temos tantas coisas para fazer e tão pouco tempo para nossas atividades que ser muito produtivo se tornou fundamental. Existem vários métodos espalhados em blogs, livros, etc, que tentam ajudar as pessoas que parecem não ter tempo suficiente para o que querem fazer.
Você já parou para pensar o motivo da busca por mais produtividade? O ponto principal é ter mais tempo, é comum reclamar do tempo, do dia com 24 horas.
Para que ter mais tempo? Para trabalhar ainda mais? Se antes era possível entregar um projeto em uma semana você agora quer entregar três projetos no mesmo espaço de tempo? Isso não funciona muito bem.
O que eu percebo é que é possível sim realizar um trabalho em muito menos tempo se você seguir algumas técnicas, mas dificilmente você conseguirá manter o ritmo altamente produtivo durante o dia todo.
Então o que fazer?
Você ganhará tempo sendo produtivo. Se um trabalho levava três horas para ser feito e você termina em uma, agora você tem duas horas livres. Se sua mente não consegue manter o ritmo altamente produtivo pelas três horas, então aproveite para fazer outra coisa. Sua vida não é só trabalho.
A produtividade não serve para você ter mais tempo para preencher com mais trabalho, ela serve para você ter mais espaços vazios para fazer atividades diferentes. Serve para você passar o feriadão desligado e não se preocupar com o que tem que fazer no dia útil seguinte, pois você sabe que terá tempo. Serve para você ter tempo para se exercitar, para desenvolver um hobby e para se relacionar com pessoas. Serve para você ter mais tempo para você.
12 de novembro de 2010
O navegador antissocial
Essa semana muitos sites de tecnologia nacionais e internacionais anunciaram o lançamento do RockMelt, um navegador social. Nele você se conecta e interage facilmente com seus contatos através das redes social.
Wow! Que massa... err, não.
Isso me levou a brincar no Twitter dizendo que ia desenvolver um navegador anti-social, no qual você apenas podia trabalhar, nada de procrastinar.
Apesar do tom de brincadeira, o que eu disse faz todo sentido. Muitas vezes nós queremos simplesmente trabalhar. Imagine se a todo momento no trabalho você além de fazer suas tarefas também fique conversando com três colegas. Acho que ninguém faz isso ou pelo menos ninguém que queira terminar o que tem que fazer.
Conversas reais ou virtuais são interrupções que vão te atrapalhar durante o trabalho. Da mesma forma que é bom se concentrar num ambiente real, também é bom se concentrar no computador. Pensando assim o navegador anti-social poderia ser bem mais útil que o RockMelt.
O navegador social me parece apenas um caso de evolução da tecnologia apenas por que ela pode evoluir, não importando a real utilidade. Se é possível integrar redes sociais no browser então vamos fazer, mas será que as pessoas precisam disso?
Isso não é raro, muitos desenvolvedores adoram criar algo apenas por ser possível ao invés de tentar criar algo que seja útil mesmo que ele não saiba a viabilidade.
5 de novembro de 2010
Lei de Parkinson
A primeira vez que eu li algo sobre a Lei de Parkinson foi no best-seller escrito por Tim Ferriss, The 4-Hour Workweek. Essa lei foi enunciada pelo inglês Cyril Northcote Parkinson na revista The Economist em 1955. A Lei de Parkinson diz que "o trabalho se expande para preencher o tempo disponível para ser concluído".
As vezes é difícil acreditar na Lei de Parkinson, principalmente se você pensar que não seria necessário trabalhar 8 horas por dia pra terminar seu trabalho, talvez em 6 horas ou 4 horas você também conseguisse terminar com um resultado satisfatório.
Eu quero passar nesse post uma experiência que eu tive e que no final eu lembrei da Lei de Parkinson, tudo se encaixou perfeitamente no seu conceito.
Mês passado abriram as inscrições para o doutorado no Centro de Informática (CIn) em Recife. Eu tinha praticamente um mês para juntar toda a papelada necessária e escrever um projeto. Era bastante coisa, mas quase 30 dias eram mais que suficientes.
Um passo de cada vez eu fui resolvendo o que precisava, eu gosto de fazer as coisas assim, mas quando faltava pouco mais de uma semana algumas pendências foram aparecendo e nada era resolvido. Algumas dúvidas que eu tinha sobre a inscrição ninguém sabia resolver, meu orientador parou de responder meus emails (depois eu descobri que ele estava viajando e com acesso precário a internet), entre outros problemas menores.
Como eu tinha quase 30 dias para fazer tudo eu expandi meu trabalho durante todo aquele tempo. Mas quando eu vi que faltavam algumas coisas e apenas um dia para encerrar as inscrições, não teve jeito eu fui atrás para resolver as pendências. Não sei se consegui fazer o melhor trabalho possível, o que eu sei é que no último dia tudo se resolveu.
Por que isso aconteceu? Será que como todo brasileiro eu gosto de deixar as coisas para a última hora? Muito pelo contrário, eu tinha mais de 90% do que precisava pronto com uma semana de antecedência, mas como ainda tinha tempo eu deixei o trabalho se alongar. Tenho certeza que se eu tivesse uma semana a menos eu teria concluído a tempo também. É a Lei de Parkinson.
Não se dê prazos tão longos achando que isso será bom, você precisa de limites para fazer algo acontecer.