23 de fevereiro de 2010

Seus dados estão menos seguros nas nuvens?

Existem várias questões que são sempre levantadas quando alguém começa a falar sobre computação nas nuvens. Entre elas temos questões de privacidade, pois vamos deixar nossos dados nas mãos de empresas, e questões de segurança, novamente por deixar os dados sob responsabilidade de terceiros existe um receio de que eles sejam perdidos ou que alguém invada os servidores onde os dados estão armazenados e faça mal uso deles.

A maioria das pessoas costumam pensar que isso não aconteceria se os dados estivessem no seu computador pessoal. Parece que existe uma certa confiança em saber que os seus dados estão num dispositivo que se você quiser você pode pegá-lo com as próprias mãos. O HD é concreto e físico, já a nuvem é abstrata e invisível.

Esse medo de deixar os dados em servidores espalhados pelo mundo realmente faz sentido? Será que os dados nos nossos computadores não correm os mesmos riscos que os dados nas nuvens? Será que nós tomamos as mesmas medidas de segurança que os servidores de grandes empresas que armazenam dados de milhares ou milhões de pessoas?

Nosso computador pessoal não tem a mesma visibilidade que os servidores do Google, mas ele também pode ser invadido pela Internet ou ainda pode simplesmente apresentar um defeito no HD e os os dados serem perdidos para sempre. Se pensarmos bem os riscos são parecidos.

A grande diferença são as medidas de prevenção para que algum problema com os dados armazenados não causem tantas perdas. Por exemplo, estratégias de backup. Eu conheço muita gente que tem computadores pessoais que simplesmente não fazem backup dos seus dados. O perigo é grande, qualquer descuido e adeus arquivos. Num servidor especializado em armazenamento de arquivos isso é menos provável de acontecer, pois fazer backup é uma medida de segurança básica. Outro exemplo é a criptografia de dados. Quantas pessoas guardam seus dados pessoais criptografados no seu computador? Serviços especializados costumam usar com bem mais frequência a criptografia de dados. É verdade que as vezes vemos listas de senhas sendo publicadas por hackers que invadiram um servidor que guardava as senhas em texto plano, mas isso aí é incompetência de quem criou a aplicação para guardar esses dados.

Uma solução interessante que pode agradar muita gente é prover a possibilidade de copiar os arquivos das nuvens para um dispositivo de armazenamento local. É muito bom ter meus vídeos no Youtube para que eu possa acessá-los onde eu estiver e para que eu possa compartilhar com meus amigos, mas eu também posso querer ter todos eles no meu HD externo, uma cópia local, pessoal e que funciona offline. É uma questão de sincronização com as nuvens.

19 de fevereiro de 2010

Morte às notificações

Eu sou uma pessoa que gosta de trabalhar com o minímo de distrações possíveis. Eu procuro sempre ter um ambiente calmo e o menos complicado possível para poder me concentrar e fazer o que eu necessito.

Quanto menos distrações melhor. Nada de GMail, Twitter, Orkut e Msn abertos toda hora. Eu simplesmente não conseguiria manter um nível de concentração aceitável para trabalhar se eu estivesse sempre acompanhando todas as mensagens que chegam para mim em todos esses canais de comunicação.

É comum algumas pessoas terem a necessidade de consumir muita informação toda hora, eu mesmo me sinto assim as vezes. Essas pessoas adoram notificações, alertas de tipos variados que mostram que existe algo novo numa de suas inboxes. Dessa forma elas não vão perder nada e vão sempre ser uma das primeiras a saber dos acontecimentos. Isso é demais! Na era da informação temos que agir dessa forma!

Não.

Você não precisa checar a cada 10 minutos seu e-mail, Twitter, Facebook, Orkut, o que seja. Deve ser impossível se concentrar o suficiente para produzir algo bom se você a cada 10 minutos alterna entre todas as suas inboxes para permanecer atualizado.

Algo que ajuda a racionalizar a não necessidade de checar todos os seus canais de comunicação várias vezes por hora é que quando alguém te envia um e-mail ou um reply no Twitter ou scrap no Orkut ele raramente espera que você responda no mesmo minuto. Se você responder uma hora depois ainda vai ficar tudo ok e em muitos casos você pode responder várias horas depois que não vai importar. As chances de alguém que necessita uma resposta imediata sua te enviar um e-mail, tweet, etc. é tão pequena que não vale a pena checar suas inboxes a cada 10 minutos. Você vai sacrificar a sua produtividade por algo irrelevante.

Se tem algo que atrapalha a minha concentração e que me atrai para o lado negro da força de checar inboxes a toda hora são as notificações de novas mensagens. Aqueles balõeszinhos e contadores avisando que algo foi atualizado me distraem totalmente e me levam a parar o meu trabalho atual para checar alguma inbox.

Por isso eu tomo duas decisões para qualquer aplicação que possua algum tipo de contador ou notificação. A primeira é desativar as notificações. Se eu quero ver o que tem de novo eu vou abrir a aplicação, eu não preciso que ela me diga em tempo real tudo que chega, eu não vivo para consumir informações dela a toda hora. A segunda é fechar tudo que possa ter algum tipo de informação que algo novo chegou para mim, por exemplo, a aba do GMail que mostra quantas mensagens novas eu tenho na inbox. Se aparece um "1" ali meu mouse é atraído magicamente para aba, então, eu preciso fechá-la para que ela não me distraia. Depois, quando eu terminar o que eu estava fazendo eu posso abrir o GMail e responder todos os e-mails necessários.

Mantenha-se focado. Se concentre no seu trabalho atual e depois cheque seu e-mail e suas redes sociais. Consumir informações é importante, mas é ainda mais importante produzir seu próprio trabalho.

5 de fevereiro de 2010

Reformulação do TextFlow

Faz algum tempo que eu não escrevo nada sobre o TextFlow aqui no blog. O que aconteceu? Ele está abandonado? Não, muito pelo contrário. Eu vou contar um pouco dos problemas que enfrentamos e o que resolvemos fazer.

Há uns meses atrás nós estávamos reorganizando o código do editor, deixando tudo mais claro para os programadores. A reorganização também seria sentida pelos usuários, muitos bugs estavam sendo corrigidos e muitos outros sendo encontrados.

Entretanto o trabalho de refatoração começou a ficar muito custoso, existiam poucos testes automatizados e realizar grandes alterações no código era uma atividade quase insana. Não estávamos dando conta de mudar sem introduzir novos bugs. Com o tempo a bola de neve crescia, corrigíamos um bug, refatorávamos algo e no final novos bugs apareciam.

Nós pensamos em reescrever grandes partes do código, como o navegador de arquivos ou o gerenciador de documentos. Seria mais fácil começar de novo do que consertar algumas partes. Uma organização começou a surgir, o TF estava ficando mais simples e mais claro para os desenvolvedores. Entretanto muito trabalho ainda precisava ser feito e novos bugs não paravam de aparecer.

Admito que a inexperiência de um estudante que na época mal tinha entrado na universidade afetou bastante as bases do editor, mas tudo que eu aprendi e tudo que eu vi acontecer fizeram essa iniciativa valer muito a pena. Eu recomendo a todos ter um side-project ou colaborar com algum software livre.

Manter o TextFlow tinha se tornado uma tarefa dolorosa. Não estávamos incluindo mais nada, só consertando e o resultado final não agradava. Algo diferente precisava ser feito. Nós paramos para pensar e discutir o que fazer.

A decisão tomada foi muito difícil, eu evitei levantar essa possibilidade inúmeras vezes quando via os problemas enfrentados, mas não teve jeito. Nós começamos a reescrever o TextFlow do ZERO.

Eu não recomendo isso a ninguém, mesmo que você não tenha mais nenhuma saída pense bastante antes de reescrever um software. Raramente é uma boa decisão.

Nós resolvemos assumir o risco para conseguir desenvolver um software muito melhor, o TextFlow 2, sem esquecer as principais características do editor, minimalismo, customização e "sexyness". Atualmente estamos terminando a 1ª iteração. Se quiser acompanhar mais de perto o projeto veja página do TextFlow no github.

Vocês serão avisados quando a primeira versão do TF2 estiver disponível para download no site do projeto ou em repositórios de suas distribuições. Eu continuarei postando sobre o TextFlow para que vocês acompanhem o andamento do desenvolvimento e o que esperar desse novo software.

1 de fevereiro de 2010

Redes sociais como fonte de conteúdo

Inspirado parcialmente num outro post meu "Twitter substituindo os feeds?" eu resolvi retomar o tema e escrever mais sobre o acesso de conteúdo através de redes sociais.

Os números do Nielsen mostram que o tempo que os usuários gastam no Facebook é mais do que dobro do tempo gasto por eles no Google. Boa parte do consumo de informações desses usuários não provém mais de um sistema de busca, agora eles acompanham o conteúdo compartilhado por seus contatos numa rede social. Esse conteúdo pode variar de mensagens pessoais e fotos até links para artigos interessantes e opiniões próprias sobre um produto ou serviço.

Esse conteúdo tem duas características importantes que o diferencia do que estávamos acostumados a consumir.

A primeira é que não temos apenas grandes empresas nos bombardeando com propagandas. Os usuários comuns dividem o meio de publicação igualmente com eles. Da mesma forma que uma multinacional pode enviar um link que fala bem do seu produto, outros milhares de usuários podem fazer o contrário. Mesmo que a grande empresa seja mais influente, várias pessoas juntas acabam tendo um poder parecido ou maior.

Esse poder maior não é apenas por causa do número de usuários. É mais comum alguém acreditar na opinião dos seus amigos do que na propaganda de uma grande empresa. Isso é fácil de compreender. Você confiaria mais no que diz alguém que é pago pela empresa da qual ele está falando bem ou num usuário que não tem ligação nenhuma com a empresa, que você conhece e que simplesmente quer expressar sua opinião por que gostou muito ou teve algum problema com um produto?

A segunda característica do consumo de informações numa rede social é que não precisamos mais buscar as informações, elas simplesmente aparecem.

No caso do "Twitter substituindo os feeds?" se você possui amigos com interesses parecidos com os seus e se você assina feeds relacionados a esses interesses, com certeza seus amigos no Twitter compartilharão alguns dos links que você iria ler pelos feeds. Isso acontece porque os seus amigos também assinam alguns feeds que você assina e eles já podem ter lido um artigo antes de você e compartilhado no microblog.

Nossa rede de contatos acaba se transformando num filtro natural de informações na rede. Se antes você olharia todas as novidades nos feeds e escolheria o que é relevante para ler, no Twitter alguém já teria feito isso por você. Claro que o filtro de informações de uma outra pessoa é diferente do seu, mas se alguém compartilhou um link ou se várias pessoas compartilharam aquele mesmo link, ele tem grande potencial de ser no mínimo interessante.

Esse foi um de muitos casos que podem ocorrer. O compartilhamento de conteúdo não se resume ao Twitter e a feeds. Podemos ter muitos outros casos de substituição de uma busca mais geral e ativa para algo filtrado e passivo.

A social media é fortissíma. As pessoas antes sem acesso a grandes meios de divulgação, hoje escrevem lado a lado com grandes marcas e assim novos formadores de opiniões acabam surgindo, pois eles tem um poder de alcance muito semelhante a qualquer grande empresa. Esse poder de divulgação é potencializado pelo laço de confiança maior entre amigos em relação as empresas, é mais fácil confiar em mensagens pessoais do que em propagandas.